terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Carlos Drummond de Andrade


Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem. A noite era quente e calma, e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste. Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença,aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.



Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci.


Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.


Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.


Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama, te esperar. Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força. Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos. Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.


Só assim, livrar-me-ei de ti, pernilongo Filho da Puta!!!!