quarta-feira, 19 de maio de 2010

Saudades de mim...

                                                               
                                                                                                

Recentemente tive a oportunidade de rever um documentário produzido em l989 com o título de "Ilha das Flores". Lembro-me que a primeira vez que o assisti, em 1993, fiquei bastante impressionada, diria até comovida, com as cenas ali mostradas. Hoje sinto falta desses sentimentos. Não porque os tenha perdido, mas creio que tenha me habituado a ver cenas tão ou mais cruéis do que aquelas.

Ilha das Flores expôe algumas situações abjetas as quais o ser humano é impelido quando em condição de miséria. A possibilidade de sair incólume de tal condição indigna é pequena. As consequências individuais e sociais deste descaso já ultrapassaram, há muito, a fronteira da irresponsabilidade.

Cada metrópole ou grande cidade tem sua "Ilha das Flores",  o seu lixão, que alimenta e sustenta milhares de pessoas diariamente. De nada vale apontar os culpados pois que são os velhos conhecidos de sempre: estado ineficiente, corrupção, elites predadoras, capitalismo selvagem e qualquer outro clichê ainda caberia nesta lista para enriquecê-la. O fato é que qualquer atitude que fosse tomada, mesmo que imediata, não daria conta de salvar os que já foram alijados de suas prerrogativas básicas de dignidade humana.


Volto a dizer que sinto falta da minha antiga comoção diante dessas cenas. A indignação nos revigora, nos faz sentir melhor e, até melhores. Hoje já não me oprime o aroma fétido que exala da Ilha das Flores: me acostumei. Saudades de mim mesma!

Susana

terça-feira, 18 de maio de 2010


"Quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginações?


Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos, onde tudo pode ser completamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis."
Italo Calvino