quarta-feira, 10 de março de 2010

JORGE LUIS BORGES - Os meus livros

Os meus livros (que não sabem que existo)


São uma parte de mim, como este rosto


De têmporas e olhos já cinzentos


Que em vão vou procurando nos espelhos


E que percorro com a minha mão côncava.


Não sem alguma lógica amargura


Entendo que as palavras essenciais,


As que me exprimem, estarão nessas folhas


Que não sabem quem sou, não nas que escrevo.


Mais vale assim. As vozes desses mortos


Dir-me-ão para sempre.